Infelizmente, a crise do sector automóvel, de que tanto se fala, e que mobiliza empresários e governos, não se confina aos automóveis propriamente ditos. Também os construtores de pesados estão a viver dias difíceis, com cortes na produção e riscos de despedimentos em massa.
Dir-se-á que esse é um problema menos grave, por se tratar de menos fábricas, menos veículos e menos empregos. Talvez o seja, em termos quantitativos. Mas não o é, seguramente, em ternos qualitativos, uma vez que no caso dos camiões se está a falar de meios de produção, enquanto nos automóveis se trata de bens de consumo.
E por se tratar de meios de produção, de factores de criação de riqueza e bem-estar social, é que as dificuldades do mercado de pesados – camiões e autocarros – deveriam ser transformadas em oportunidade.
E nem seria difícil. Logo agora, em que o Governo, os governos se mostram tão afoitos em atirar pazadas de dinheiro para cima dos problemas.
Há muito que os transportadores rodoviários – de mercadorias e de passageiros – reclamam apoios substanciais à renovação das frotas. Pois será este um momento ideal para avançar em força com uma tal política. Com vantagens óbvias. Desde logo, para o mercado dos pesados novos. Mas não só. Longe disso. Camiões e autocarros novos representam menor consumo de combustível, menos emissões poluentes, maior segurança e conforto (particularmente importante no caso dos passageiros), custos de produção mais baixos e, logo, maior competitividade do sector transportador e daqueles a quem serve.
Mas as vantagens não se ficariam por aqui. Particularmente no caso dos autocarros (ainda que também haja produção de pesados de mercadorias em Portugal), a renovação das frotas poderia ainda “alimentar” os carroçadores nacionais e as muitas empresas que com eles trabalham. Basta atentar no impacte que teve em algumas unidades nacionais a renovação em ritmo forçado da frota da Carris.
Tanto quanto é possível saber, os planos do Governo para apoiar o sector automóvel nacional não prevêem incentivos à modernização das frotas de pesados. Será esta uma oportunidade perdida?
Fernando Gonçalves
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
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